Escrever a nossa primeira história de Amamentação não foi nada fácil. Há 2 anos atrás o dia da mãe foi o último dia em que me lembro da Carolina mamar, é a última foto que tenho desse momento nosso.
Hoje venho então contar-vos a nossa história de amamentação. Foi um turbilhão tão grande mas que deixa muita saudade.
Então aqui vai.
Durante a gravidez da C. uma das únicas coisas que eu sabia era que a queria amamentar. Não fazia ideia como, mas sabia que era isso que eu queria dar a minha filha. O melhor alimento que lhe podemos dar. Mas a vida dá-nos muitas voltas e a pequena C. Não me facilitou nada a vida e o meu sonho de amamenta-la foi quase por água abaixo. Eu não sabia nada sobre amamentação, sabia apenas que todas as mulheres tem leite para as suas crianças, que o leite não seca do dia para a noite e que quanto mais o bebé mamar mais leite eu iria ter. Munida desta minúscula mas importante informação eu agarrei-me com umas e dentes há amamentação mas a C. Resolveu não querer colaborar comigo e mamava que nem um pintainho. É o chamado bebé preguiçoso, amava pouco de cada vez, adormecia milhares de vezes a mamar e passava horas a chuchar na mama. O primeiro mês foi o pânico, baixo aumento de peso, pesagens quase diárias, muita pressão psicológica, com 21 dias fomos avaliados por uma CAM que nos salvou e reforçou a nossa confiança e auto-estima. Apesar de ja termos introduzido LA por recomendações ( desnecessárias) dos médicos investimos na amamentação, iniciamo-nos no Babywearing e os dias lá foram correndo. As cólicas doidas desapareceram e os sinais de desmame de nicotina também ( hoje tenho pela consciência desta questão da nicotina. Fumei durante praticamente toda a gravidez da C. É totalmente errado e desaconselhado mas na altura não tinha mínima noção as consequências e impacto). Após as vacinas dos 2 meses a C. Desenvolveu tosse convulsa, aos 3 esteve internada durante 3 dias e rejeitou os biberons todos. Nunca mais lhe consegui oferecer qualquer tipo de biberão e consequentemente o suplemento que bebia esporadicamente também foi a vida. Aos 5 meses a C. Continuava a mão aumentar o peso que o Sr Percentil ditava e mandaram introduzir a AC. como ela me pareceu preparada introduzimos primeiros papas caseiras com fruta, depois as Sopas e também alimentos em blw. E assim a amamentação foi acontecendo naturalmente. O aumento de peso continuou uma miséria aos olhos dos médicos, para mim ela estava ótima. Um desenvolvimento maravilhoso, capacidade de interação corretamente adquirida, no geral tudo perfeito, ela só não gostava mesmo ( ainda hoje não gosta muito - sai há mãe) era de comer. Aos 9 meses regressei ao trabalho mas a amamentação manteve-se quase inabalada.
Aos 16 meses, eu e o pai da C. Separamo-nos e aos 18, ela passou a primeira noite fora. A partir desse dia e até aos dias de hoje começou a passar 1 noite de 15 em 15 dias fora. As primeiras semanas foram complicadas, não para ela mas para mim. Mesmo assim nunca deixou de querer mamar, no dia em que regressava a casa, praticamente não comia só para matar saudades das suas maminhas.
Quando ela tinha 21 meses foi de férias com os avós. O infantário fechou, eu estava a trabalhar e havia as férias com o pai por isso entre uma viagem e outra estivemos 1 mês afastadas com uma única noite juntar a meio. Nunca pensei que depois de 1 mês seguido ela voltasse a mamar mas a verdade é que voltou, como se tivesse acabado de nascer. Foi verdadeiramente cansativo mas a felicidade que me proporcionou compensou tudo. Este cenário repetiu-se novamente no verão seguinte tinha a Carolina quase 3 anos, também com uma noite a meio do mês. Lembro-me perfeitamente dessa noite, saímos do trabalho já tarde ( as 23h) e fizemos uma viagem de 300km para que eu pudesse passar as folgas do trabalho com ela. Cheguei ao pé dela eram cerca de 4 horas da madrugada. Não me cheguei ao pé dela, não falei simplesmente entrei no quarto onde ela dormia. Bastou passaram lado dela e ela acordou e apenas disse "Mãe", deitei-a ao meu lado e mamou como se não nunca tivesse parado.
Mas depois destas férias nunca mais nada foi igual. A C. começou a querer mamar com menos frequência, começou a não querer a sua maminha para adormecer até que foram passando dias, semanas em que não pedia.
Não me lembro sinceramente do último momento em que ela mamou.
Na noite de passagem de ano, já depois de fazer os 3 anos, disse que a maminha já não tinha leite, e aí eu soube que o fim estava próximo.
Fotografei a amamentação da C. tanto quanto me foi possível, principalmente em todos os locais públicos que consegui. Tentei fazer um registo fiel desta fase tão bonita da nossa vida, minha e dela. A última foto que tenho de ela a mamar foi precisamente no Dia da Mãe tinha 3 anos e meio, não faço sinceramente ideia se foi a última vez que ela mamou, mas foi a última foto que tenho deste momento.
O final foi tão tênue que mal dei por ele acontecer. Sim deixou uma saudade enorme, necessitamos de adaptar rotinas e de aprender estratégias para substituir as maminhas dos 7 ofícios, mas foi o desmame que sempre desejei. Foi natural e ao ritmo dela. A minha princesa tinha crescido e já não precisava dar maminhas. E eu senti-me agradecida e completa.
E assim termina a História de Amamentação da Carolina! Foi tão boa e tão bonita. Foi um momento que partilhamos só as duas, um momento de puro amor é cumplicidade.
E assim me despeço
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